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nosco as ferias do Natal e trazer Angelo comsigo. Promette demorar-se até o dia dos Reis.

As creanças saudaram a nova com gritos de alegría, e saltos de causarem inveja a um clown de circo.

D. Victoria zangou-se.

—­Então que pouca vergonha é essa? Parecem-me um bando de patetas! Ora vamos! Já quietos. A culpa tem a Ermelinda, que já vos devia ter levado para a quinta. Ó Senhor, está praga de criados, que nunca ha de fazer a sua obrigação!

As creanças reprimiram um pouco maïs as expansões de seus júbilos, mas ainda ficaram cantando a meia voz, em musica de composição d’ellas, o seguinte:

—­Vem o primo Angelo! Vem o primo Angelo! Ora viva, viva! Ora viva, olé!

—­Pschiu! Calae-vos!—­bradou ainda D. Victoria; e voltando-se para Magdalena:—­Mas então como se entende isso, Lena? Então o pae diz que vem...

—­Nas vesperas do Natal.

—­Sim, nas vesperas do Natal, e vae...

—­Depois dos Reis.

—­Sim; está bem; e... sim... e então o Angelo?...

—­O Angelo vem com elle. Quer vêr a carta?

—­Não, menina. Mas é preciso não fazer confusão... Então...

—­Não ha nada menos confuso... É só isto.

—­Sim; pois agora, sim; agora está bem claro. Calae-vos, diabretes! Ó meu Deus, que consumição! Mas então por que não entregou o criado ha maïs tempo essa carta? Eh! não que vocês dizem que elles...

—­Ó tia, pois não ouviu que foi a mulher das cartas que se demorou, porque...

—­Historias! Não me venham para cá com esses contos. Vocês estão sempre promptos para desculpal-os. São elles...