fez sacrifícios para obter-me, não foi sem dúvida com o intuito de praticar uma boa ação, mas simplesmente para proporcionar a si mesmo um prazer que lhe apetecia. Se fez sacrifícios, não foi por mim, foi pela sua própria pessoa; e, se não tinha elementos para a empresa, por que a empreendeu?. . .

— Porque a amava!

— E amava-me, porque sou bela, sou moça e estou na moda! Ora, meu caro marquês, há de convir que com isso não teve originalidade alguma!... (E soltou uma risada de escárnio). Original seria se tivesse a desvairada pretensão de ser, durante algum tempo, o amante exclusivo da condessa Alzira, sem despender alguns milhões de francos!. . .

— A senhora bem sabe que não é o dinheiro despendido o que eu deploro. . .

— Pois eu com o resto nada tenho que ver!... São-me indiferentes a morte de sua mulher e o futuro de seus filhos!. . . Quando o senhor se descuidou deles, quanto mais eu! . . . O senhor que fosse melhor marido e melhor pai! Se há um criminoso entre nós, não sou eu decerto: na minha qualidade de cortesã, sou lógica, não me afasto uma linha do meu programa; o senhor é que se afastou dos seus deveres, na qualidade de chefe de família. Queixe-se por conseguinte de si mesmo e não me aborreça!