Bouflers entrou aos pulinhos. Estacou no meio do salão e fez a mais extraordinária mesura que é possível imaginar, mesmo conhecendo os complicados e genuflexórios salamaleques desse tempo galante. Os altos e empoados canudos da sua cabeleira roçaram-lhe três vezes pelos joelhos, e o rabicho, guarnecido por um laço de fita preta, três vezes se agitou no ar, como a irrequieta cauda de um cãozinho fraldiqueiro.
Vinha vestido a rigor e com extrema elegância.
Trazia uma casaca de seda cor de pérola. forrada de branco e guarnecida de botões de prata. Bofes de rendas de Veneza, nobremente salpicados de pó de tabaco espanhol, saltavam-lhe do peito por entre um colete de veludo cor de âmbar; tinha calções da mesma seda da casaca e meias bordadas a ouro, sapatos de salto vermelho, e espada, não de barba de baleia, como então alguns usavam, mas de bom e bem temperado aço de Toledo, com bainha de couro,