deixou-se levar de rastos pelas garras da sua dor imensa, para o inferno da sua desesperança sem consolo.

Foi despertado pela velha criada, que, depois de bater várias vezes, resolveu-se a entrar no quarto.

— Perdão, senhor vigário. Queira desculpar interromper as suas orações, mas. . .

— Fale, minha irmã. . .

— É que está aí uma dama toda vestida de negro e coberta por um longo véu, que deseja falar a vossa mercê. . .

— Uma mulher?. . . E não disse quem era?. . .

— Não quis dizer, senhor vigário.

— Bem, minha filha, faça-a entrar para a capela e diga a frei Ozéas que tenha a bondade de vir cá.

A criada saiu e o egresso apareceu pouco depois.

— Há, aí, disse-lhe o presbítero, uma mulher que me procura. Devo escutá-la, meu pai?. . .

— Que estranha pergunta, Ângelo!... Deves, decerto! É talvez alguma desgraçada que precisa de quem a conduza ao arrependimento. A consciência pura e bem apoiada na fé jamais teme as ciladas do inferno. Vai! Fala-lhe! E, se for uma pecadora, suplica a Deus, noite e dia, até conseguires o perdão para sua alma.

— Bem, meu pai. . .

E Ângelo afastou-se lentamente, tomando a direção da capela.