— Então que é isso?. . . perguntou ela, tocando-lhe familiarmente do ombro. Já caiu na cisma?... Vamos! coma ainda alguma cousa! Vá uma fatia de queijo. (Ângelo repeliu o prato). Sempre queria que me dissessem o que foi que o senhor vigário comeu!. . . Não sei do que se sustenta!. . . Se isto continua assim, mando pedir ao boticário o remédio que ele deu ao filho do tio Curvado. Aquele também não comia, nem à mão de Deus Padre, mas o boticário deu-lhe uns papelinhos, e o rapaz endireitou logo! Hoje, de gordo, não passa por aquela porta!

Interrompeu-a um novo trovão, mais forte ainda que o primeiro.

— Valha-me São Jerônimo e Santa Bárbara! Parece que vem hoje o mundo abaixo! Vou acender uma vela benta!

E saiu da sala, a correr, benzendo-se com ambas as mãos, estonteada de medo.

Ângelo, imóvel na posição em que cairá esquecido, só daí a pouco moveu com os lábios, para murmurar entredentes:

— "E se, apesar de tudo, encontrares alguma mulher, que te leve a sonhar estranhas venturas. . ."

— Oh! disse em voz alta; meu pai tinha razão!. . . tinha toda a razão!. . .

E erguendo-se, como se acordasse de um letargo: