— Pois eu não terei energia bastante para reagir contra esta fraqueza?... Não poderei estrangular a matilha que me rosna no sangue?. . . Pois a idéia daquele demônio matará em mim todas as outras idéias?. . . Oh, meu Deus, não é possível! seria uma injustiça! Uma tremenda injustiça!
Salomé reapareceu, para perguntar:
— Então, sr. vigário! que faz que se não recolhe?. . . Vamos! Deite-se, que precisa de repouso. Já acendi o oratório da Virgem. Não fique aí a cismar!
— Vá! vá descansada, tia Salomé, que eu me recolho imediatamente. Boa noite.
Ângelo, uma vez recolhido ao quarto, começou a passear de um para outro lado, entregue todo à sua implacável preocupação.
— Não! protestou ele, estacando no meio do aposento, depois de longo meditar. Não! A idéia daquela mulher não matará meu coração e minha alma! Preciso não pensar nela! preciso arrancar daqui de dentro esta terrível loucura, que me absorve, gota a gota, toda a substância do meu espírito!. . .
E circunvagou em torno o olhar ansioso e desvairado.
— Mas, prosseguiu o mísero, como poderei não pensar nela, se, mal me vejo a sós, sinto-a comigo?. .
Sim! Sim! Ela aqui está e em tudo se denuncia!... Sinto-a perfeitamente; sinto-a