— Não me surpreendeu esta morte. . . disse afinal o conde. Há muito que a previa. . .

— Foi um verdadeiro suicídio!... declarou o doutor. Não é impunemente que se leva a vida de extra vagâncias, a que esta pobre rapariga se atirara por último... Não há dúvida que queria dar cabo de si!

— Pobre louca!... murmurou Bouvier com um suspiro. Dir-se-ia que uma implacável sede de comoções a devorava incessantemente!. . . Quantas vezes, nestas últimas orgias da sua vida, a vi ardendo em febre, a tossir, a escarrar sangue, sem animo todavia de recolher-se à cama. Pobre Alzira!

O médico, que acabava de arrumar os seus ferros, disse, aproximando-se dos outros dois:

— Moralmente, coitada! foi sempre enferma... Sofreu muito! sofreu muito, porque só desejava o que não podia obter. Fingia-se a mulher mais insensível do mundo, quando, em verdade, era de uma delicadíssima sensibilidade nervosa. Se vivesse ainda por muito tempo, acabaria lonca sem dúvida!

— Pobre Alzira' repetiu Bouvier.

— Mas o caso é que está morta, disse o conde; e nós, últimos amigos que a acompanham, precisamos completar a obra, dando-lhe um enterro condigno da sua beleza.

E, vendo que acabava de assomar à porta a figura de Ângelo: