meu amor pecador e profano!. . . Ah! sim, recordo-me agora que, no estranho sonho dessa noite, a própria Alzira me dizia que o Criador é o grande e nutriente manancial de ternura, que noite e dia se derrama sobre o mundo, para o fecundar, como o sol fecunda a terra!... Sim! sim! agora tudo compreendo! É Deus que vem em meu socorro! é Deus que me acode e me aparece em sonhos, como fazia antigamente com os eleitos do seu amor!. . . Sim! é que o pai misericordioso, reconhecendo a minha inocência e a pureza do meu desespero, enviou-me por um dos seus anjos o beijo de paz! . . .

E, abrindo ambas as mãos sobre o peito, respirou desabafadamente, e, cousa que havia muito não fazia, sorriu.

— Ah! suspirou; que dose tranqüilidade sinto agora invadir-me a alma!. . . Obrigado meu bom pai! meu bom senhor! meu bom amigo!

E deixou-se cair de joelhos no chão, com os braços abertos e os olhos erguidos para o céu, na favorita postura dos seus êxtases.

— Meu protetor e meu abrigo, disse contritamente; às vossas sacrossantas mãos me entrego todo, para que me protejais contra as cousas vis e torpes deste lameiro de lágrimas!... Minha alma já não sente o frio que a torturava; sente-se aquecida e agasalhada no aconchego do