— Que é isto agora?. . . perguntou Ângelo, prendendo o braço na cintura de Alzira. Por que é que todos se agitam deste modo?
— Ah! explicou ela com um espreguiçamento voluptuoso. É um frenesi de amor...
E suspirou luxuriosamente.
— Não compreendo. . .
— É que Deus, elucidou a cortesã, nos seus bons momentos de ternura afaga os mundos, e essa carícia lhes produz lascivos estremecimentos. Neste instante um súbito espasmo sensual percorre toda a natureza. Em cada corpo animado há um sobressalto de amor. Neste instante toda a criação se predispõe a procriar; as feras e as borboletas, os homens e as boninas, acoitam-se e beijam-se, para garantia da interminável cadeia da vida! Olha! Vê! Todos se afagam! Todos se abraçam! . . .
— Sim! sim! exclamou Ângelo. Eu mesmo sinto percorrer-me o corpo um sobressalto estranho!
Alzira atirou-lhe os braços em volta do pescoço, e arrastou-o para o turbilhão das sombras que giravam aos pares.
E ouviu-se um coro de vozes, entrecortado de suspiros, a cantar, dançando:
Tenhamos amores! Ó feras! Ó