sobre as águas, no alto mar, quando a tempestade se aproxima, abrindo as longas asas prendes e agoureiras.

— Que diabo vimos nós buscar aqui?! perguntou o sonhador, intimidado por aqueles loucos gemidos que singravam no espaço.

— Viemos buscar dinheiro. . . respondeu Alzira.

— Dinheiro?... Para que dinheiro?...

— Ora essa! Para tudo! com dinheiro teremos prestígios nos lugares que vamos percorrer!

E avançando alguns passos, mostrou ao companheiro uma grande pedra encravada no rochedo.

— Vês esta pedra? disse ela. É a porta das cavernas do Ouro. Nesta misteriosa gruta acha-se encerrada toda a riqueza dos avarentos já mortos, entesoura-se aí todo o ouro desses miseráveis, que em vida sofrem as mais duras privações, para acumular dinheiro sem proveito de ninguém!

— E como vieram parar aqui todas essas riquezas?... indagou Ângelo.

A cortesã explicou:

— Por intermédio dos herdeiros pródigos e das mulheres da espécie a que pertenci no mundo dos vivos. Por minhas mãos passaram muitos e muitos milhões, que aqui caíram, derramados em longas e ruidosas noites de orgia. Esta esplêndida caverna é o tormento das almas amarelas dos usurários. . .