vestido com uma esfarrapada batina de seminarista.

Não havia mais ninguém na cela.

O mancebo beijou-lhe a mão. Ozéas abraçou-o e disse-lhe depois, tocando-lhe carinhosamente no ombro:

— Meu filho, vais hoje pela primeira vez atravessar as ruas de Paris e entrar na capela real.

— Para que, meu pai?

— Para pregar o sermão de quinta-feira santa.

— Eu? mas o que vou dizer?. . .

— Vais dizer pura e simplesmente o que sabes e o que sentes a respeito da paixão de Jesus Cristo. . . Não te preocupes com a multidão que lá encontrares, não te preocupes com o que vires. Fecha-te contigo mesmo e fala como se conversasses com o teu anjo da guarda. Abre o teu coração, quando abrires os teus lábios, e deixa dele sair, imperturbável e cristalina, a tua alma de bem-aventurado.

— Bem, meu pai.

— Daqui a pouco virá a roupa com que tens de ir. Dentro de uma hora virei buscar-te.

— Estarei pronto e às suas ordens, meu pai.

— Reza a Nossa Senhora enquanto me esperas. Adeus.

— Sua bênção, meu pai.

— Deus te abençoe.

E frei Ozéas tornou a sair, fechando-se de novo sobre ele a porta, silenciosamente.