E tirou da cinta um punhal de ouro, que apresentou ao seu interlocutor, acrescentando:

— Guarda esta arma! Defende-te com ela e vencerás sempre!

Ângelo apoderou-se do punhal.

— Obrigado! exclamou. Obrigado! Com esta arma poderei dominar os meus semelhantes!

— Se foras deveras um ambicioso!. .. Mas não o és, pois ao contrário principiarias por tentar vencer a mim próprio, para te apoderares dos meus tesouros. . . Adeus! Não passas de um ambicioso vulgar!. . .

E recolheu-se à gruta.

Alzira saiu logo em seguida, fechando-se sobre ela o pedregulho da entrada.

Fez-se de novo escuridão completa. As aves recomeçaram a doudejar desesperadas, perseguindo agora a cortesã, como se lhe fariscassem o dinheiro que ela levava consigo.

Alzira, com efeito, vinha carregada de ouro e pedras preciosas.

— Vamo-nos daqui! disse ao companheiro.

E puseram-se a subir a montanha, com os braços na cintura um do outro.

Ângelo ia preocupado e triste.

— Que tens tu?... perguntou-lhe a amante ao fim de algum tempo de caminho.

— Nada! tartamudeou ele.

— Tremes, meu amigo!. . .

— É do frio da noite. ..