Ângelo, encantado com tão completa transformação, dedicava-lhe já uma estima sem limites, e muitas vezes a acompanhava em suas piedosas romarias à casa dos pobres mais remotos.

Mas um dia, dois meses depois que a viúva começara a sua reabilitação, um fato, que precedia de época anterior, veio enchê-la de infinita tristeza e colocá-la no mais vivo embaraço.

Sentia-se grávida.

O último cúmplice de seus passados desvarios sensuais, e a quem ela devia agora aquela dolorosa situação, era um pobre diabo de um boêmio, rico e libertino, que um belo dia lhe fugiu dos braços e nunca mais lhe deu notícias suas.

Ângelo, ao ouvir-lhe a confissão, não teve um gesto de censura, nem de repugnância; era antes a compaixão o que se revelava na sua fisionomia.

— Resigne-se... disse-lhe ele tranqüilamente; e seja boa mãe de seu filho. Não o desampare! Oh! por cousa nenhuma desta vida o desampare! sofra com energia as conseqüências do seu erro, aceite as represálias sociais que daí procedam, como elementos novos de sacrifício, e continue na obra da sua reabilitação.

E não alterou em nada a estima e o respeito que lhe votava; ao contrário, depois que a infeliz sentia crescer o fruto da sua culpa, Ângelo