— O vigário estará sofrendo da cabeça, mas este médico, pelos modos, não regula melhor que ele. . .

E abriu a porta a Ângelo, que entrou da rua, mais taciturno e mais sonâmbulo do que nunca.

A criada foi ter ao seu encontro e deu-lhe as boas noites.

O infeliz não respondeu.

— Coitado!... pensou ela, considerando-o da cabeça aos pôs com um olhar de lástima. Como ele está hoje!. . . Nem deu pela minha presença!. . .

E tomou-lhe o braço, para perguntar-lhe, gritando, como se falasse a um surdo:

— O senhor vigário quer que eu vá buscar a sua refeição? . . .

E, como ele. ainda desta vez não respondesse, a boa velha afastou-se lá para a cozinha, resmungando:

— É melhor mesmo que o doutor o leve, para ver se o endireita!. . .

A intriga dos invejosos vingara finalmente. Angelo era já pelos seus superiores considerado louco; o arcebispo suspendera-lhe as ordens por tempo indefinido, e ameaçava de excomunhão todo aquele. que fosse a Monteli em romaria devota.

Entretanto, ele parecia indiferente e alheio a tudo isso, e continuava escravo dos seus dolorosos enlevos, como se o seu espírito vivesse com efeito em um outro mundo, um mundo só dele