quebrar este objeto! destruí-lo! (E despedaçou o canjirão contra a parede). Eu tenho um corpo que sente…tenho uma alma que dói! Ah! mas na outra vida palpita-me também o sangue dentro das veias! na outra vida a minha boca beija, os meus olhos choram, a minha carne treme de prazer e de dor! na outra vida governo os meus membros, dirijo os meus pensamentos, e piso a terra, e repiso o ar, e como, e bebo, e amo!

Nisto abriu-se surdamente a porta que dava para o interior da casa, e a veneranda figura do velho Ozéas desenhou-se contra a sombra.

Vinha abatido pela sua longa enfermidade; parecia mais velho e macilento. Afundaram-se-lhe de todo as faces e cavaram-se-lhe os olhos, onde transparecia agora, em vez do brilho místico que o iluminava dantes uma triste luz de mortal desesperança.

Imóvel, de braços cruzados sobre Lá euoamo eu peito, quedou-se a observar em silêncio o espectro do seu discípulo amado.

Ângelo que não dera por ele e continuava a monologar, gesticulando:

— Sim... sim... por que acreditar que esta miserável existência de cura de aldeia é a vida real, e a outra não? a outra que aliás é tão superior?. . . Sim! sim! Ou ambas são vida, ou são ambas sonho!... A única diferença é que lá eu vivo e gozo, ao passo que aqui. . . apenas choro o sofro. . .