Passado o abalo da primeira impressão, um constrangido silêncio fez-se entre Ângelo e Ozéas.
O presbítero tinha os olhos baixos, como um criminoso, e o outro acompanhava-lhe os menores movimentos, tremulando a cabeça.
— Sim, meu filho. . . disse o velho afinal, venho em teu socorro!... Dize-me como estás e dize-me o que sentes. . .
Ângelo não ergueu os olhos.
— Eu?... Nada!... tartamudeou. Creio que estou bom. . .
— E eu tenho a certeza do contrário, meu pobre Ângelo . . .
E Ozéas acrescentou a um gesto negativo do discípulo:
— Ah! Não tentes enganar-me!... Tens, seja qual for, uma preocupação bem grave, que inutilmente procuras esconder aos meus olhos! . . . Há alguns instantes que te observo, que acompanho todos os teus movimentos, cheguei mesmo a ouvir muitas palavras do teu monólogo de louco! Ah, sim! tens uma dor secreta, e eu hei de arrancar-te e destruí-la,