para todas as cruzes, que os seus semelhantes não pudessem suster.

A sua velha túnica, de sarja grossa e sem dobras, não lhe pertencia mais do que ao primeiro mendigo que sentisse frio; o seu pão só lhe chegava à boca, depois de rejeitado pelos que já tinham matado a fome; a sua luz só alumiava o seu covil de santo, quando nenhum gemido suspirava na treva.

Para esse arrependido egresso, criado nas orgias do começo do século passado; para esse arrependido devasso, que se embriagava com os restos do incestuoso prazer do duque de Orléans, a febre do arrependimento converteu-se em loucura, converteu-se numa nevrose que o arrastava de joelhos, com o rosto na terra, a todos os delírios da fé, a todos os heroísmos da abnegação.

A peste de Marselha foi um dos mais brilhantes teatros para 0 seu desespero de ser santo. Como um verdadeiro revolucionário do bem, fez dos farrapos do seu burel uma bandeira de caridade e agitou-a pelos alcouces abandonados, em que era vergonha entrar, ainda que fosse para socorrer os que morriam.

À última e mais leprosa das perdidas não negava sua boca o beijo da consolação, enviado por Deus aos desamparados pelos homens.

E assim, no fim de alguns anos de arrependimento, Ozéas ganhara reputação de santo; e, com efeito, se nenhum religioso até antes fora