havia fatalmente de impressionar às damas sensuais da corte de Luís XV.

Efetivamente assim foi.

Conduzido até ao púlpito por seu pai espiritual, Ângelo, mal se mostrou e percorreu com os olhos inexperientes o auditório que o aguardava ansioso, um súbito rumor de simpatia percorreu toda a igreja. As mulheres, instaladas nas tribunas, alongaram o pescoço para o ver melhor. O rei sorriu interessado, e logo toda a sua corte sorriu também.

A capela, completamente cheia, palpitava de curiosidade. Paris elegante estava todo ali, entre aquelas bonitas paredes de mármore cor-de-rosa, guarnecida de florões e filetes de ouro rebrilhante. Sentia-se o tilintar dos pingentes de cristal dos imensos lustres de mil velas, e sentia-se por entre o farfalhar dos veludos e das sedas, o fremir dos leques de tartaruga e madrepérola, suavemente agitados contra os adereços preciosos. O cheiro sagrado da mirra e do incenso confundia-se no espaço com os voluptuosos perfumes do toucador.

Ângelo, imóvel, de pé, mãos pousadas no retordo do púlpito, olhos postos no alto e lábios entreabertos, fazia a sua oração preparadora, inteiramente alheio a toda aquela luzida e refulgente corte que o cercava.

Compreendia-se que sua alma, arrebatada no