abertos, os olhos postos na doce imagem de Cristo crucificado. Estava belo como um jovem Deus!

Assim, nos seus suntuosos damascos bordados, parecia um anjo todo vestido de ouro. E o seu formoso rosto era bem o rosto de marfim, de que falava na Bíblia a triste e volutuosa filha de Jerusalém, decantando o seu amado.

Ozéas servia-lhe de acólito. E a sua curva figura, detrás daquele moço, lembrava, no trêmulo arrebatamento da contrição, o vulto de um velho rei louro, irmão de Lear, guardando com os olhos ansiosos o seu lindo príncipe desejado por todas as mulheres.

E, com efeito, sobre Ângelo, de todas as tribunas, desciam raios de tentação.

Alzira fitava-o como uma serpente paradisíaco.

A missa, entretanto, seguia o seu curso, inalteravelmente, por entre o vago murmúrio dos colos que arfavam, não de piedade, mas de desejo e de amor.

Mas, quando Ângelo, terminado o divino sacrifício, erguia o olhar pela derradeira vez, procurando o céu, seus olhos de repente se fecharam fulminados, e todo o seu corpo estremeceu da cabeça aos pés.

Em vez do céu, seus olhos tinham encontrado o olhar de Alzira.

Ozéas, soltando um grito, correu para ele, tomou-o violentamente nos braços, escondeu-lhe