e levava sua idolatria a ponto de adorar não a forma completa, a imagem viva e palpitante da mulher, mas um fragmento, um trecho apenas dessa forma.
— Pois para mim também, disse Leopoldo, só há neste baile como neste mundo uma coisa que me ilumina a existência.
— A glória?... aposto.
— Um sorriso, apenas.
Horácio não pôde reprimir um gesto desdenhoso. O sorriso era para ele uma das coisas mais triviais; tinha-os colhido tantas vezes, e em lábios tão puros e mimosos, que já não lhe excitavam a atenção. Eram como as flores de um vaso que todos os dias se substituem.
— Vais dançar? perguntou o leão.
— Agora não.
— Pois façamos uma coisa. Conta-me a história de teu sorriso, que eu te contarei a história de meu pezinho.
— Começa então. Cabe-te a preferência, disse Leopoldo.
— Eu a aceito; porque o objeto de meu culto não tem igual no mundo.
Horácio acendeu o charuto. Ele não tinha o