olhar para a moça, ocupada com seu bordado, viu alguma coisa que o sobressaltou. A fímbria do vestido, suspensa na travessa do bastidor, devia descobrir o pé da moça para quem estivesse sentado à sua esquerda.

O leão aproximou-se na esperança de surpreender o avaro tesouro que se roubava a seus olhos.

— Não sabia que bordava tão bem!

— Ora! Não tenho paciência para estes trabalhos. Se não fosse uma dívida...

— Como? Não é mais presente de anos?

— Uma e outra coisa.

— Ou talvez nem uma nem outra, disse Horácio adoçando o tom de ironia.

— Que necessidade tinha eu de enganá-lo? disse Amélia com um doce ressentimento. Uma amiga minha...

— Cujo nome não consta.

— É segredo! atalhou a moça com faceirice.

— Ah! É segredo?

— Inviolável. Ela não quer por coisa alguma que saibam, nem mesmo suspeitem...

— Que é sua amiga?