À noite, o leão foi a uma partida. Sua estrela o favorecia. Laura lá estava. Dirigiu-lhe algumas banalidades graciosas, que ela a princípio recebeu com manifesta esquivança, mas depois com timidez.
Horácio compreendia a razão do procedimento da moça. Para tranqüilizá-la, teve o cuidado de nunca abaixar a vista à fímbria do vestido, e mostrar-se enlevado pelo colo gracioso da gentil senhora. A lição que recebera anteriormente, o tornou de uma prudência consumada.
No fim da noite o leão conseguira restabelecer a confiança no espírito de Laura, desvanecendo-lhe a suspeita deixada pela cena do teatro. Era o essencial; com os meios de sedução de que dispunha, e a inclinação que a moça revelava por ele, contava certa a conquista. A questão era de tempo.
Antes de quinze dias freqüentava a casa da moça e estava na intimidade da família.
Laura perdera o marido aos 17 anos, pouco tempo depois de casada. Era rica; não lhe faltavam pretendentes atraídos pelo dote e pela beleza; mas ela não parecia disposta a tentar