se, e seu marido que a amava estremecidamente, morreu ignorando o segredo.
Com bastante mágoa sua, Amélia surpreendeu o segredo da prima e amiga.
A filha de Sales tinha dois pezinhos de fada, breves, arqueados, com uns dedos que pareciam botões de rosa. O desgosto e vexame que isso causava à moça, ninguém o imagina. Ela supunha-se aleijada; apesar de seus 18 anos, seus pés eram de menina.
Assim o mesmo cuidado com que Laura escondia a sua monstruosidade, punha ela em ocultar essa graça e prenda da natureza. Naquele tempo não se tinha introduzido ainda a moda dos vestidos curtos; bem ao contrário, o tom era arrastar desdenhosamente pelo chão a longa fímbria do vestido.
Um dia que Laura passou em sua casa, Amélia teve curiosidade de comparar seu pezinho com o da prima, para saber se a diferença era excessiva. Enquanto a outra endireitava o penteado no toucador, realizou ela seu intento.
Avalie-se da vergonha e aflição de Laura; o desespero de Amélia foi maior ainda. Não perdoava a si mesma o ter causado tão grande pesar à