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A primeira mulher de Camilo

 

Assim, quando em outubro de 1846 entrou na Cadeia do Porto por haver raptado D. Patrícia Emília do Carmo, fez-se inscrever como solteiro, sendo ainda viva a sua primeira mulher. E quando em 1852 se habilitou naquela mesma cidade para tomar órdens menores — o que não efectivou — omitiu na petição ao bispo o estado de viúvo.

Mas, no respectivo processo eclesiástico, o abade da Sé, atestando pro moribus, declára ser o peticionário «viuvo de D. Joaquina Pereira de França.» (Nunca uma aldeã foi mais digna de a honorificarem Dona).

Tinha conhecimento daqueles autos de ordens o ilustre cónego Alves Mendes, amigo desvelado de Camilo, e, por isso, quando em 1885 começou dedicadamente a promover o casamento do insígne escritor com D. Ana Plácido, para conseguir a dispensa de proclamas solicitou, perante o arcebispo de Braga, uma justificação legal do falecimento de D. Joaquina Pereira França.

Foi o mesmo cónego Alves Mendes quem me comunicou todos estes pormenores, que mais tarde comprovou com a oferta de documentos, por mim publicados em 1890 no Romance do romancista.

Camilo nunca revelou aos seus íntimos, nem em qualquer dos seus livros tão ricos de dados au-