Estava a findar o ano de 1659.
Ainda vivia Duarte de Morais, então com sessenta e cinco anos, mas viúvo da boa Úrsula que o deixara havia dez para ir esperá-lo no céu.
Era por tarde, tarde cálida, mas formosa, como são as do Rio de Janeiro durante o verão.
O velho estava sentado em um banco à porta de casa, tomando o fresco, e cismando nos tempos idos, quando se não distraía em ver os meninos que folgavam pela rua.
Um mendigo, coberto de andrajos e arrimado a uma muleta, aproximou-se e parando em frente ao velho esteve por muito tempo a olhá-lo, e à casa, que aliás não merecia tamanha atenção.
Notou afinal o velho Duarte aquela insistência, e remexendo no largo bolso da véstia, lá sacou um real, com que acenou ao mendigo.