e varredouras. Estava o sol a pino; os marujos dormitavam abrigados pela sombra das velas.
À proa assomava dentre as ondas um rochedo que servia de pouso a grande quantidade de alcatrazes ou corvos do mar, cujos pios lúgubres ululavam pelas solidões do oceano.
Era a Ilha de Fernando de Noronha.
Ao passar fronteira a escuna, caiu um pegão de vento, que arrebatou o navio e o despedaçou contra os rochedos, como se fora uma concha da praia.
Antônio de Caminha que sesteava em seu camarim, depois de muitas horas, ao dar acordo de si, achou-se estendido no meio de uma restinga sem atinar em como fora para ali transportado, e o que era feito de seu navio.
Só ao alvorecer, quando o mar rejeitou os destroços da escuna e os corpos de seus companheiros, compreendeu ele o que era passado.
Muitos anos viveu o mancebo ali, naquele rochedo deserto, nutrindo-se de mariscos e ovos de alcatrazes, e habitando uma gruta, que usurpara a esses companheiros de seu exílio.
Às vezes branquejava uma vela no horizonte; mas debalde fazia ele sinais, e lançava não gritos já,