sombras esguias, criavam mil formas incertas e vacilantes.
Era por momentos como um vasto lençol que amortalhava as ruínas do antigo edifício; logo depois afiguravam-se vultos de carmelitas cobertos da alva estamenha, a percorrer o claustro solitário, e a murmurar as sagradas litanias; alguma vez parecia-me ver passar diante de meus olhos uma dessas lâmias, de que a imaginação popular em outras eras povoou os templos abandonados.
Aí as recordações históricas, dormidas sobre este solo, em cada pedra que tombara das antigas construções, acordavam umas após outras no meu espírito, e me faziam reviver na memória os dous séculos que tinham volvido sobre as diversas gerações de homens e de casas, de que apenas restavam alguns nomes e alguns muros.
O mar a perder-se no horizonte lembrava-me a flotilha de Duarte Coelho, o donatário de Pernambuco, aportando aquela costa em 1535, e trazendo a seu bordo a colônia que nesse mesmo ano fundou a vila de Olinda, com o auxílio dos chefes índios, Miraubi, Itagipe e Itabira, e das suas tribos selvagens. Lembrava-me a grande armada holandesa comandada por Lecoq,