os berloques que trazia no cordão de oiro ao pescoço. O Telles quiz desviar a conversa, mas a baroneza perguntou ainda com interesse.
— «A menina sabe quando elles casam?
— «Á Engracia disse que era depois de janeiro, porque faz um anno que morreu a Pillar. A Candida é que casa primeiro.
Novo estremecer do Vilhegas trocando olhares de intelligencia com o Telles.
— «Sim? Com quem casa essa? É uma formosura, não é, D. Manuel? Olhe que em Lisboa, convenientemente emoldurada em luxo, e n’uma frisa de S. Carlos, era d’um soberbo effeito — disse com a convicção de quem se não julga prejudicada pela mocidade nem pela belleza, forte no seu reducto de oiro.
— «É realmente perfeita! Faz pena ver escondida entre serras uma tão rara planta — respondeu o Pereira, que ás vezes se mettia em floreados de phrase recordando tempos de Coimbra.
— «Em casando já ella vae para Lisboa viver — tornou a menina Aurora, que estava tendo um verdadeiro successo com tanto saber de vidas alheias.
— «Quem é esse marido ideal?
— «É o Braga, v. ex.ᵃ não conhece? Cá chamam-lhe o Braga usurario, porque empresta dinheiro a noventa por cento. É muito rico. No baile da viscondessa estava sempre ao pé d’ella, não viram? — voltou-se a pedir confirmação ao dito, ás irmãs e ás meninas Souzas, que abanaram a cabeça affirmativamente e começaram todas a fallar ao mesmo tempo, querendo