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Ás mulheres portuguêsas

para a dôr e para a doença, crimes e loucuras em fermentação...

E, entanto, não são essas as que merecem a epigrafe que encima estas palavras.

É mais dôce o seu viver, mais calma a sua existencia...

É ao recolhimento da vida burguêsa que iremos buscar essas pobres mães, que a sociedade moderna, no impulso avassalador e tiranico de necessidades e exigencias novas, vai fazendo martires pelo sentimento e pelo coração.

São essas mulheres naturalmente inteligentes, mas fundamentalmente ignorantes, que sofrem pelo afastamento progressivo dos filhos do seu amôr e do seu encanto, a par e passo que os vêm crescer em inteligencia e saber.

É á classe média, a mais numerosa e nacionalisada, a mais apegada a preconceitos e tradições, que vamos buscar o nosso exemplo, porque: — o povo operario, caminhando revoltoso e tumultuosamente para o futuro; o dos campos, muito perto ainda do primitivismo animal; a alta burguesia e os restos desmantelados das velhas aristocracias, despaízadas pela