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Ás mulheres portuguêsas

Quantas vezes, indo encontrá-lo a cabecear sobre o livro que não comprehende, a mãe não teria desejo de tirar-lh'o das mãos e, numa clara leitura e uma inteligente explicação, fazê-lo aprehender o sentido que lhe foge?!... mas... a pobre mãe não o poderá fazer, porque não sabe tambem! E quantas vezes a sua revolta de ignorante não se torna uma defesa para a criança mandriona, que repetirá o que lhe ouve: — Para que serve saber isto ou aquillo? Sem estudar tambem se come e bebe!...

Se a criança é estudiosa e inteligente, em vez de pensar com leviandade sobre o assumpto, com a aprovação da mãe, concentrará todo o seu espirito no estudo e irá perguntar aos estranhos o que em casa não poude saber.

A pobre mãe será, aos olhos de seu proprio filho, uma ignorante, uma inferior.

De dia para dia esta convicção se irá radicando no ânimo da criança, à medida que fôr adquirindo conhecimentos, desenvolvendo a inteligencia.

O trabalho que se faz no seu espirito é len-