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ÁS MULHERES PORTUGUÊSAS
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Falo-vos ao sentimento, eu sei, mais do que á razão, mas prouvéra a Deus que fosse o sentimento que guiasse ainda o nosso paiz! Quando uma patria é nova, crente, esperançada e forte, firmando-se no amôr e no enthusiasmo dos seus filhos, não se prende por conveniencias, não recúa ante o perigo, não sabe contar os inimigos que a atacam, para os vencer. Por isso avança, torna-se inolvidavel na historia, como nós o fômos!

Só na decadencia se aprende a transigir, decadencia que tanto póde ser material como moral, decadencia que é, a maior parte das vezes, filha só do egoismo, do desejo inferior de gosar sem que o gôso dos outros nos seja preciso para a felicidade propria.

E no nosso paiz transige-se para se estar bem com todos, transige-se por preguiça de discutir, transige-se por uma emaranhada teia de preconceitos, de pequeninas considerações que amolecem o ânimo, quebrantam as vontades, e fazem das oposições uma coisa ridicula, porque não têm éco nas almas, ou são, quando muito, um brado louco e desacompanhado de