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O onço agradou-se daquele entusiasmo.

— Combinemos o seguinte, disse elle. Amanhã de manhã cercaremos a casa de modo que ninguem escape. As iráras e cachorros guardarão os flancos e nós, onças, atacaremos pela frente.

— Bravos! Bravos! Assim o faremos! gritaram em côro as féras.

— Assaltaremos a casa, prosseguiu o viuvo, e mataremos todos os seus moradores.

— Sim, mata-los-emos a todos! repetiu o côro.

— E depois os comeremos um por um!

— Sim, sim, come-los-emos a todos um por um! uivou a bicharia com as linguas vermelhas a lamberem a beiçaria feroz.

A assembléa dissolveu-se, indo cada qual para a sua tóca sem que nenhuma daquelas féras pensasse em caça naquele dia. Estavam a preparar uma fome especial para o banquete de carne humana que iam ter no dia seguinte.

Os besouros espiões tudo ouviram do seu galhinho e lá se foram, a zumbir, dar parte á Emilia dos grandes acontecimentos. A boneca estava ansiosa por eles, visto como não os tinha visto na vespera.

— Então? perguntou Emilia, logo que os dois sonsos entraram na varanda como se fossem besouros atôas, desses que se deixam atraír pela luz dos lampeões.

— E’ amanhã, responderam ao mesmo tempo os dois besouros, que eram gemeos e sempre falavam e agiam juntos. As onças acabam de resolver isso

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