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numa reunião havida debaixo da Figueira Brava. Os cachorros do mato e as iráras guardarão os flancos e as onças, guiadas pelo onço viuvo, darão o assalto. Tambem juraram matar e comer a todos.

Emilia não empalideceu de susto, nem tremeu que nem varas verdes, como aconteceria se ela fosse gente de verdade. Emilia era a mais corajosa boneca que ainda existiu no mundo. Apenas disse:

— Isso de dizer que cérca e assalta e mata e devora é facil. O dificil é cercar, assaltar, matar e devorar realmente. Nós saberemos defender-nos. Que venham as tais onças duma figa!

Os dois besouros não deixaram de admirar-se daquele espantoso sangue frio.

— Mas de que armas vocês dispõem para lutar contra tantas féras raivosas? perguntaram eles gemeamente, isto é, cada um dizendo uma palavra. O modo de conversarem com a boneca era esse. Um dizia as palavras pares e o outro dizia as palavras impares.

— Não sei, respondeu Emilia. Isso é com Pedrinho, o nosso generalissimo. Ele está estudando o assunto — e eu tambem. Não sei ainda o que o general Pedrinho vái fazer, mas sei o que vou fazer. Pensei, pensei e repensei sobre o caso e já tenho cá uma idéa que vale ouro em pó.

Qual, disse o primeiro besouro, é, disse o segundo, essa, continuou o primeiro, idéa? concluiu o segundo.

— Não posso dizer em voz alta, respondeu Emi-

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