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lia. Só ao ouvido — e chegando-se bem pertinho dos besouros gemeos cochichou-lhes ao ouvido a sua idéa, pelo mesmo sistema, isto é, dizendo a palavra par ao numero um e a palavra impar ao numero dois.

Os besouros admiraram-se da esperteza da boneca e partiram — zunn! — afim de cumprir as ordens recebidas.

Logo que os viu sumirem-se no espaço, Emilia foi correndo contar a Pedrinho o que acabava de ouvir dos seus espiões de casaca preta.

Pedrinho já havia resolvido o problema da defesa.

— Como não temos armas de fogo para enfrentar as onças, disse ele, lembrei-me do seguinte. Faço uma porção de pernas de páu, bem compridas, um par de pernas para cada morador do sitio, inclusive o marquês e as galinhas. Quando as onças nos atacarem, estaremos sobre essas pernas de páu, bem lá no alto — e quero ver!...

— E se as onças subirem pelas pernas de páu acima? perguntou a menina.

— Impossivel, respondeu ele. Além de serem pernas muito compridas e de bambú, que é liso, ainda serão ensebadas. Cada uma corresponderá a um verdadeiro páu de sebo. Nem macaco será capaz de subir por elas.

Foi considerada otima a idéa e Pedrinho correu em busca da foice e do serrote. Com a foice cortou, no bambuzal do sitio, meia duzia de compridas varas de bambú, e com o serrote serrou-as do tamanho neces-

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