Página:As Caçadas de Pedrinho (1ª edição).pdf/74

— Da sua esperteza, Pedrinho. Bem diz tia Nastacia que você é um alho...

— Muito obrigado pelo elogio, mas, alho ou cebola, deixe-me em paz. Olhe, Emilia, vá ver se eu estou no pomar, ouviu?

— Então não quer fazer o negocio que venho propor.

Pedrinho queria e não queria. Por fim a curiosidade o venceu.

— Que negocio é? Vamos, diga logo.

Emilia preparou-se para apresentar o negocio. Antes, porém, fez um rodeio.

— Escute cá, Pedrinho. Quanto acha você que vale um rinoceronte no Brasil? Responda!

O menino tonteou com o disparate. Não podia haver pergunta mais absurda e boba do que aquela. Ficou danado.

— Foi para isso que me veiu interromper a leitura do jornal? Ora vá lamber sabão, ouviu?

Novo sorriso finorio da boneca, que disse:

— Paz, paz, não se queime. Responda á minha pergunta. Dê um preço qualquer.

— Não amole, Emilia! Se insiste, jogo você pela janela.

A boneca viu que o meio de conseguir que Pedrinho respondesse era mete-lo em brios.

— Não sabe, disse ela. E’ natural. Um menino que jamais saíu do Brasil, que não esteve nem no Rio de Janeiro, é natural que não saiba o preço dum rinoceronte. Está desculpado...

— Bobagem! exclamou Pedrinho, queimado.

73