na arca de papéis e autos, se um acontecimento imprevisto não viesse dar a seu autor uma esperança de obter a fazenda necessária para a realização de seu grande desejo.
Criara-se em 1588 uma Relação na Bahia; desde que o tribunal começasse a funcionar, o número das demandas aumentaria infalivelmente; no Brasil, terra abundante de ouro e balda de letrados, os provarás e embargos deviam ser pagos por bom preço; um advogado pois que se fosse ali estabelecer tinha todas as probabilidades de adquirir rápida abastança.
Foi esse o raciocínio de Vaz Caminha, e devemos confessar que não pecava contra a lógica; assim embalando-se na ideia risonha de poder realizar o sonho de sua vida, resolveu definitivamente embarcar-se para a cidade do Salvador; deixou algumas economias à irmã que velara sobre sua infância e ainda o acompanhava, e partiu para Lisboa.
Um navio estava a fazer-se de vela, e nele ia um dos desembargadores da nova Relação, Baltasar Ferraz, que encontramos feito provedor-mor da fazenda; o nosso advogado aproveitou o ensejo, e obtendo uma passagem, deixou as terras da pátria, para ir procurar longe os meios de dar-lhe uma