O vulto que a desoras aparecera no pátio da casa de D. Luísa de Paiva e se adiantara manso e manso, era o caseiro e homem de confiança da rica viúva; melhor diríamos mordomo, se este cargo não fora privativo das casas de primeira nobreza.
Quando Elvira, reconhecendo Cristóvão embaixo de sua janela, soltou a imprudente exclamação do júbilo que lhe causava a presença de seu amante, o caseiro não dormia. Privado da festa pelas práticas severas da viúva, que impunha o seu beatismo aos próprios fâmulos, Manuel Batista consolava-se com alguns restos da adega do falecido mercador, e preparava-se por meio de uma ceia fria e suculenta para o jejum da sexta-feira.
Ouvindo o estranho grito, o caseiro passou a cabeça pelo postigo; viu um vulto galgar a janela de Elvira, e desaparecer no interior. O doce murmúrio de vozes abafadas, que lhe trouxe a brisa daquele lado, fez-lhe compreender o que passava, e colocou-o em sério embaraço.
Se o desconhecido fosse um malfeitor, o negócio era simples. Batista tinha no canto armas de boa têmpera, e sempre pronto um braço robusto e ágil. Mas