Foi como se lhe espremessem o coração, cheio das primícias de um puro amor, para enchê-lo de amargores cruéis. Passara, ela também, aquela noite aziaga, em angústias. O sono lhe desertara dos olhos, como o sossego d'alma.
Inesita amava Estácio; amava-o desde o dia em que no fulgor da tempestade que desabara sobre a cidade, ela se mostrara um instante, da gelosia, aos olhos do moço. Até então, e desde o primeiro dia em que o vira de relance na baía, esse menino orgulhoso, tanto como arrojado, apenas lhe causava terror, um terror travado de admiração. Lembrava-se do modo por que três vezes o vira, e na ingenuidade dos verdes anos talvez acreditava que lhe houvessem lançado algum quebranto, para mal dela e dele. Quando o estudante postou-se em frente à sua casa resolvido a não arredar pé sem vê-la, logo que o descobriu foi refugiar-se perto da mãe. Voltou, e achando-o no mesmo lugar, correu ao oratório e implorou à Virgem. Da terceira vez não saiu da porta da recâmera. Por último encostou-se no alizar da gelosia, e seu olhar coando entre as grades, rendeu-se cativo à contemplação do bem querido.