— D. Maroto, senhor cavalheiro, entre gente limpa assim se usa.
O cavalheiro riu de boa vontade. O menino prosseguiu, fitando-lhe as feições com um olhar, em que a atenção perspicaz era disfarçada sob uns ares de escarninha malícia.
— Mas ainda falta ao meu quadro para o completar, uma terceira figura, mui interessante. Quer vê-la você?
— Qual ela é?
— Espere um pouquito.
Em dois traços de carvão o menino desenhou no muro uma figura de jumento com um rosto que bem podia ser o do cavalheiro ali presente:
— Vê. É um asno com cara de perguntador! disse o menino dando um salto para trás.
Mas o cavalheiro, lesto e ágil apesar dos cinquenta, já o tinha filado pela orelha!
— Caramba! Vou te levar a teu mestre, grande pícaro, para que ele mire as tuas obras.
— Vejo bem que fiz mal em pintá-lo de asno, pois é um leão! disse o menino forcejando por escapulir.
— Tenho uma só mão, pequeno; mas desta nem o diabo te pode tirar. Sossega!