— Quanto mais cedo partir, mais cedo voltarei!
— É verdade!... murmurou a menina curvando a fronte já carregada de mágoas.
Vilarzito apertou-a ao seio, e teve-a algum tempo ali, enquanto seus olhos se engolfavam no horizonte. Que via ele ao longe, nessa névoa do espírito, que se chama pressentimento? Via a ambição, que batia asas d'ouro, prestes a desferir o voo; e sua alma, presa da vertigem, que se lançava a par, devassando mundos ignotos. Via o fantasma de sua imaginação que lhe gritava, avante, avante, e o atraía sempre, não lhe deixando sequer volver um olhar aquém.
Nesse momento o aleijão daquele coração, pressentindo que pela última vez palpitava sobre ele o coração amante da mísera virgem, teve um aperto, que espremeu nos olhos uma lágrima, talvez a última que umedeceu essas pálpebras, e nos lábios um escasso sorriso de ternura:
— Não te penes, amor meu, que me tiras a coragem de ir-me. É preciso, tu disseste, e eu parto-me com bem pesar de meu coração; fique-te ele, para que mais ligeiro torne a ti este corpo.
Dulcita sorriu entre as lágrimas: