seguro da cumplicidade do negro, que nem sombra de receio lhe toldou o ânimo. E como podia ele suspeitar o que era passado?
A boca da mina formava um buraco suficiente para o corpo de um homem; oculto pelo matagal, durante o dia o tapavam os ladrões com uma grande pedra, que ali próximo jazia. Mal o Anselmo afundou pela cava, o negro com um salto de pantera arremeteu sobre, e esmagou o bandido, que rolou pela mina abaixo; então quanto encontrou ao alcance da mão, pedras, ramos secos, terra às braçadas, foi atirando pela boca da mina, de modo a sepultar nela como em uma cova os que aí se achavam. Houve dentro um grande rumor de gritos abafados; algumas cabeças surgiram à superfície que logo se abateram esmigalhadas com pedras. Ao cabo de uma hora quedou-se tudo; a mina estava completamente aterrada, e a laje selava, como lousa tumular, aquela sepultura onde jaziam o Anselmo e seus cúmplices.
Então o negro tornou a casa. Sua senhora se erguera espantada com o rumor subterrâneo que ouvira embaixo do leito.
— Senhora pode agora castigar Lucas!