II — O PEDIDO
Logo que os peixinhos escoteiros chegaram ao sitio de dona Benta foram tratando de erguer a concha e enroscal-a entre duas pedras na beirinha do ribeirão — bem perto do pé de ingá. E por alli ficaram, descansando.
Não demorou muito, appareceu Pedrinho de vara na mão; vinha pescar justamente alli. Chegou, pôz uma pobre senhora minhoca no anzol e já ia lançal-a ao rio, quando...
— Concha por aqui! exclamou, muito admirado. Isto tem dente de coelho!...
Pegou a concha. Examinou-a. Sacudiu-a ao ouvido. Percebeu barulhinho de carta dentro. Abriu-a: era carta mesmo!
Botou-se para casa.
— Narizinho! foi gritando logo da porta da rua. Uma carta para você!...
A menina estava ajudando tia Nastacia a enrolar rosquinhas de polvilho. Assim que o viu entrar aos berros, largou da massa, limpou as mãos no avental da preta e disse:
— De quem será, meu Deus do céu?
Rasgou o enveloppe e leu:
- Senhora!
- A felicidade do reino das Aguas Claras está
nas vossas mãos. Nosso principe perdeu-se de amo-
res e só pode ser salvo se a menina o acceitar como
esposo. Ou casa-se ou morre, diz o medico da côrte. - Quererá a menina salvar este reino da desgra-
ça, compartilhando o throno com o nosso muito
amado principe?
— Sim, senhor! disse Narizinho depois de lida a carta. Estes senhores peixinhos sabem escrever na perfeição. Acho