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O CASAMENTO DO NARIZINHO

V — APUROS DO MARQUEZ


Emquanto Narizinho e Emilia eram conduzidas á casa de dona Aranha, Pedrinho, o visconde e Rabicó tomavam a direcção da Floresta Vermelha — a mais linda matta de coral do reino.

— Deve ser lá que moram os polvos, disse Pedrinho. Quero ver se caço um para assustar tia Nastacia no sitio.

O visconde ia abrindo a bocca para dar sua opinião sobre os polvos quando um grito agudo o fez fechal-a de novo. Era Rabicó. O bobinho, ao passar perto dum ouriço do mar, julgou que fosse coisa de comer e nhoc! Agora berrava com desespero, de ouriço espetado na bocca.

Pedrinho correu em seu soccorro e só a muito custo poude livral-o do terrivel bicho.

— Bem feito! advertiu. Quem manda ser tão guloso? Comporte-se como o visconde que nada acontecerá.

Rabicó respondeu soluçando e ainda com uma lagrima pendurada dos olhos:

— E' muito facil ser bem comportado quando não se tem estomago. Mas eu tenho um estomago que vale por dois. Por mais que coma, estou sempre com fome — e hoje ainda nem almocei!...

Pedrinho teve dó delle.

— Pois coma o brinco, e contente-se com isso que não ha mais nada por emquanto.

Sem esperar segunda ordem Rabicó devorou o brinco de amendoin com casca e tudo. Não perdeu um farellinho! Depois lambeu os beiços, cheio de saudade do outro, espatifado pela pelotada de Pedrinho.

Foram andando. Subito divisaram ao longe um vulto negro.

— Que será? indagou o menino firmando a vista.

— Deve ser um gigantesco polvo, suggeriu o visconde.