côr vermelha e se soubesse duma aranha de linha vermelha, iria morar com ella.
— Para que?
— Para ver. Para sentar debaixo da jaboticabeira e ver aquella linha tão linda que sae, sae, sae e não se acaba nunca...
Emquanto Emilia ia dizendo suas asneirinhas, dona Aranha para não perder tempo serzia meias. Serzia tão bem que não havia quem fosse capaz de perceber o serzido.
Admirada da perfeição do trabalho, Emilia disse:
— Se a senhora se mudasse para a cidade havia de ganhar um dinheirão.
— E que faria eu com o dinheiro?
— Oh, muitas coisas! Podia comprar uma casa, podia comprar um guarda-chuva. Pedrinho diz que é muito bom ter dinheiro.
— E elle tem muito?
— Muito! Pedrinho é muito rico, mas muito mesmo. Possue um cofre com mais de cinco mil réis dentro.
— E para que quer tantos réis?
— Diz que vae comprar um revolver. Eu se tivesse dinheiro sabe o que comprava? Um trem de ferro! Não ha nada que eu goste mais que do trem de ferro...
— Porque?
— Porque apita, A senhora já ouviu apito de trem?
Nesse ponto a conversa foi interrompida por um recado de Narizinho, ordenando que Emilia se vestisse para sahir a passeio.
— Adeus, dona Aranha. Narizinho está precisando de mim. Vae passear comnosco ou fica?
— Fico. Estou com fome e quero ver se apanho umas tres moscas.
— Não use vinagre aconselhou Emilia retirando-se. Tia Nastacia diz sempre que não é com vinagre que se apanham moscas.