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O GATO FELIX

— Não acreditem! A descoberta da America não foi assim, foi muito differente. Eu li toda a historia de Colombo num livro grande de dona Benta e posso affirmar que o gato Felix está inventando.

— Não está inventando nada! berrou Emilia. Foi assim mesmo. O livro não esteve lá e não pode saber mais que o avô de sêo Felix, que esteve presente e viu tudo.

— Mas essa historia é absurda! berrou o sabio visconde. Isso é um disparate!...

— Disparate é o seu nariz! gritou Emilia, vermelhinha de indignação.

E voltando-se para a menina:

— Narizinho, porque é que você não tampa o visconde?

Narizinho achou bôa a idéa ; foi lá e tampou a lata com o visconde dentro.

Terminado o incidente, o gato Felix continuou:

— Depois disso houve muitas coisas, e mais coisas, e outras coisas, até que meu avô se casou e nasceu meu pae, e meu pae se casou e nasci eu.

— E onde nasceu? perguntou Pedrinho.

— Nasci nos Estados Unidos, na cidade de New York. As casas lá são tão altas que se chamam arranha-céus e eu nasci no quadragesimo terceiro andar do arranha-céu mais alto de todos.

— Qua-dra-ge-si-mo! murmurou Emilia. Que bonito nome! Eu, se fosse dona Benta, baptisava a Mocha de Quadragesima...

— Não atrapalhe, Emilia, deixe o gato falar, advertiu Narizinho. E, voltando-se para o gato Felix, perguntou:

— Mas essas casas arranham mesmo o céu ou é um modo de dizer?

— Arranham, sim, confirmou o gato, e ás vezes até o furam. O céu de lá é todo furadinho.