164
O GATO FELIX

A menina apartou os briguentos; poz o gato para fóra e deixou Emilia sozinha na varanda. E foi continuar o seu serviço na salinha de costura.

Emilia ficou falando comsigo mesma e pensando num meio de se vingar do gato Felix. Nisto appareceu o visconde.

— Senhor visconde, venha ouvir a historia da minha briga com o gato Felix.

O visconde sentou-se na rêde junto della e ouviu a historia inteira. Quando chegou no pedaço do fio de barba que Emilia havia arrancado do focinho do gato, elle disse:

— E onde está esse fio? Ando fazendo um estudo sobre pellos de animaes e teria muito gosto em examinar esse.

Emilia abriu uma caixinha, tirou de dentro o fio de barba e o deu ao visconde, dizendo:

— Leve, mas depois traga outra vez. Quero guardar esse fio como prova da esfréga que dei nesse cara de coruja...

O visconde tomou o fio e foi examinal-o com o binoculo de dona Benta.


IV — A HISTORIA DO VISCONDE


Logo que a noite cahiu tia Nastacia accendeu o lampeão da sala e disse: "E' hora, gente!"

Todos foram apparecendo e cada qual se sentou no lugar do costume. O ultimo a vir foi o visconde. Antes de entrar para a lata approximou-se de tia Nastacia e disse-lhe ao ouvido:

— Pegue na vassoura e ponha-a ao alcance da sua mão.

A negra achou exquisitissima aquella idéa e pediu explicações.

— Não posso explicar coisa nenhuma, respondeu o visconde. Mas faça o que estou mandando. Ponha a vassoura bem ao alcance da sua mão, porque no fim da minha historia é bem possivel que seja preciso "varrer" qualquer coisa...