com partes de que era um grande gato de familia nobre e que tinha nascido num paiz estrangeiro, etc.
Emilia olhou para o gato Felix.
— Deve ser algum seu parente, sêo Felix. Os traços estão muitos parecidos...
— Não tenho parentes dessa laia, respondeu o gato com orgulho. Esse gato ladrão deve ser parente mas é dalguma senhora boneca...
— Continue, senhor visconde, disse Narizinho.
O visconde tossiu outro pigarrinho e continuou :
— O tal gato ladrão ficou morando nesse sitio. Todos o tratavam com as maiores gentilezas, mas em vez de mostrar-se grato por tantas attenções, elle tratou de continuar a sua triste vida de gatuno. E foi e comeu um pinto carijó.
Neste ponto o visconde parou e olhou firme para o gato Felix. O gato sustentou o olhar do visconde e deu o desprezo.
O visconde continuou:
— Comeu esse pobre pinto, que era tão lindo, e no dia seguinte comeu outro pinto ainda mais bonito.
O gato Felix levantou-se indignado.
— O senhor visconde está me insultando ! gritou. Esses olhares para o meu lado parecem querer dizer que sou eu o tal gato ladrão !...
O visconde pulou fóra da latinha e berrou :
— E é mesmo ! O tal gato ladrão é você, seu patife ! Você nunca foi gato Felix nenhum ! Você não passa de um miseravel comedor de pintos !...
Foi um reboliço ! Todos se ergueram, sem saber o que fazer. O gato Felix, furioso da vida, berrou ainda mais alto que o visconde :
— Próve, se for capaz ! Próve que comi os taes pintos...
— Próvo e já ! urrou o visconde. Tenho as provas aqui no bolso.
Disse, e puxou do bolso dois pellinhos de gato.