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O IRMÃO DE PINOCCHIO

E a fada quiz me morder, e fechei os olhos, e Fazdeconta puxou o prego, e bateu nella, e a malvada fugiu, e a cabeça de Fazdeconta rolou pelo morro abaixo, e...

— Páre, páre! gritou outra vez a velha. Vá contar essa historia a Pedrinho e me deixe em paz.

Pedrinho vinha naquelle momento chegando da floresta. Vinha carrancudo e desapontado, pensando no melhor meio de se vingar de Emilia e do visconde.

A menina foi ao seu encontro.

— Tres grandes novidades, Pedrinho! Fazdeconta viveu por mais de uma hora e revelou-se um nobre caracter. Tem um genio muito differente do de Pinocchio. Muito mais sensato, e alem disso, valente e leal.

Pedrinho ficou inteiramente desnorteado com aquellas palavras. Não podia admittir que fosse possivel tal coisa. Se Fazdeconta não era feito de nenhum "verdadeiro pau vivente", como poderia ter vivido?

— Viveu, sim! insistiu a menina. Mas só vive quando a gente "muda de estado".

— Que historia é essa?

— Não sei explicar. Só sei que em certos momentos a gente muda de estado e começa a ver maravilhosas coisas que estão em redor de nós. Vi nymphas, e um fauno, e uma vespa que era fada, e Fazdeconta luctou com ella e me salvou, e vi fumacinha lá longe e fui correndo e dei com a casa — sabe de quem?

—?

— Da menina da Capinha Vermelha!

— Não diga!...

— E estive conversando com ella uma porção de tempo, e soube que ella se dá muito com Peter Pan, e Peter Pan appareceu para Fazdeconta e prometteu chegar até aqui.

Pedrinho deu pulos de alegria, porque era aquillo o que mais desejava no mundo.

— E a terceira novidade ainda é mais importante. Ima-