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O CIRCO DE ESCAVALLINHO

ao sitio de dona Benta o nosso amado principe nunca mais voltou ao reino.

Narizinho recordou-se da scena. Lembrou-se que o falso Gato Felix havia apparecido para avisal-os de que o principe estava se afogando por ter desaprendido de nadar. Lembrou-se que correra ao rio para salval-o, mas que nada encontrou. Ter-se-ia mesmo afogado?

— Acha que elle morreu afogado, doutor? perguntou ella ao Caramujo.

— Isso é absurdo, disse elle. Um peixe nunca desaprende de nadar. O que aconteceu sabe o que foi?

— Diga...

— Foi comido pelo falso gato Felix, supponho eu.

O choque sentido pela menina foi enorme, e se não cahiu com um desmaio foi unicamente porque os convidados estavam chegando e isso estragaria a festa. Mesmo assim puxou do lenço para enxugar tres lagrimas bem sentidinhas.

Nisto a porteira ringiu. Era dona Aranha com suas seis filhas. A menina fez-lhes grande festa, contando que havia estado com Branca de Neve e mais uma porção de princezas para as quaes dona Aranha havia costurado.

— Branca de Neve ainda é muito branca? perguntou a famosa costureira.

— Cada vez mais. Até dóe na vista olhar para ella.

Depois chegaram os dois Bernardos Eremitas — o que havia casado Narizinho e o que conduzira a salva com a corôa do principe. E chegaram os siris couraceiros, e chegou o Major Agarra, e outros, e outros.

De repente ouviram um mio longe.

— Será o falso gato Felix? disse Pedrinho. Se for aquelle patife, meu bodoque vae ter o que fazer!...

Mas não era. Era o gato Felix verdadeiro.

Pedrinho ia fazendo as apresentações e accommodando os convidados nos seus lugares. Não houve nenhum que não pedisse noticias de Rabicó, do visconde e do João Faz-