canastrinha teve dó delle e deixou-se fechar antes que o pobre sabio rebentasse.
III — A PARTIDA
Alta madrugada os meninos pularam da cama, vesti-se e, pé ante pé, como gatos, dirigiram-se ao pomar sem que dona Benta percebesse coisa nenhuma. Emilia foi atraz, muito tesinha, tambem na ponta dos pés. O visconde, de canastra ás costas, fechava o cortejo.
Assim que abriram a porteira ouviram um canto de gallo do lado das goiabeiras.
— Cocoricocó!
Padrinho reconheceu a "voz".
— E' elle! exclamou. Já está á nossa espera no ponto marcado.
Correram todos para lá, mas como nada vissem, pararam, desnorteados. Nisto um segundo cocoricocó se fez ouvir no alto da goiabeira. O menino invisivel, alem de guloso, não perdia tempo...
— Você está ahi em cima? perguntou Pedrinho, de nariz para o ar.
— Não está "vendo?" respondeu a voz. Acostume-se a saber onde estou sem me ver, e para dar a primeira licção, atirou com uma casca de goiaba na cara do menino, dizendo — Aprendeu?
— Aprendi, sim, respondeu Pedrinho rindo. Agora desça, que quero apresentar minha prima Lucia e os outros.
— Não é preciso. Sei que Lucia é essa de narizinho arrebitado. A outra é a tal Emilia, marqueza de Rabicó. Só não conheço o de cartolinha e canastra ás costas.
— Este é o illustre senhor visconde de Sabugosa, um sabio.